A empatia já é um remédio

 

Acolhimento, compaixão e aconchego em tempos difíceis. Essa é a mensagem estampada na ilustração “A empatia já é um remédio”, que conquistou o 2º lugar na categoria Artes Visuais do Concurso Cultural NHR Brasil. Criada pela professora e artista visual Alessandra Moura, de 44 anos, a ilustração retrata uma profissional da saúde abraçando uma pessoa acometida pela hanseníase e enfatiza a importância da empatia no cotidiano de quem convive com a doença.

Alessandra é professora de Artes na Escola Estadual Padre Franco Delpiano, localizada na estrutura do Hospital São Julião, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Foi por intermédio da diretora da escola que a artista conheceu a premiação e, como costuma abordar diferentes aspectos da hanseníase em sala de aula, decidiu participar.

Mesmo antes do concurso, a professora possuía um vasto conhecimento sobre a doença. Isso porque a instituição na qual trabalha tem raízes históricas atreladas ao passado da hanseníase no Brasil. O Hospital São Julião foi construído para funcionar como uma colônia na década de 40, época em que as pessoas acometidas pela doença eram segregadas e completamente isoladas da sociedade.

A escola localizada no território do hospital foi fundada há aproximadamente 40 anos, com o objetivo de atender os residentes do local. Com o passar do tempo, conforme ciência e sociedade evoluíram, o espaço passou a receber alunos de bairros vizinhos, e a unidade de saúde tornou-se referência no tratamento da hanseníase no Brasil. Entretanto, o legado histórico não foi esquecido, e os estudantes recebem frequentemente esclarecimentos sobre a hanseníase no cotidiano da sala de aula.

Além das experiências na escola, a participação da professora foi motivada pela necessidade de se distrair e encontrar esperança nesses tempos difíceis de pandemia. O período não tem sido fácil para Alessandra, que perdeu o marido para o coronavírus há pouco mais de um mês. Além da perda recente, a doença atingiu outros familiares da artista, que tem vivido um momento de luto e dificuldades.

Em meio a esse cenário, a participação no concurso e a oportunidade de criar arte proporcionaram forças para seguir em frente. A artista afirma que escapa para outro mundo quando está criando, um mundo em que há esperança e a possibilidade de tocar o coração das pessoas com mensagens positivas.

Confira no vídeo abaixo o depoimento de Alessandra sobre a participação no concurso.

A professora destaca que é preciso amparo e compaixão para que as pessoas não se sintam sozinhas, ainda mais em um período em que a empatia pode ficar em segundo plano diante de tantas dificuldades. Por meio de sua arte, Alessandra afirma que, assim como remédios e exames, o acolhimento é fundamental para a cura da hanseníase. Ao fim da experiência, a artista celebra com orgulho ter sido capaz de sensibilizar as pessoas com sua obra.