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Cumprindo o distanciamento social, a estratégia é destinada aos assistentes de pesquisa

Às sextas-feiras, os assistentes de pesquisa do Programa PEP++ no Brasil têm um compromisso marcado. Com medidas de isolamento social e atividades de campo suspensas no contexto da pandemia de COVID-19, as reuniões virtuais se tornam oportunidades de aprender e discussão sobre diversos aspectos da hanseníase com pessoas de referência no assunto.

Conforme o planejamento inicial do programa, 18 assistentes de pesquisa deveriam estar em trabalho de campo desde o mês de março, levando a abordagem de quimioprofilaxia para contatos às comunidades de Fortaleza e Sobral.

Com as mudanças causadas pela pandemia, as sessões virtuais foram planejadas para que eles possam aprofundar tópicos essenciais sobre a doença, tirar dúvidas e debater os temas propostos. Durante a semana, os participantes se preparam construindo mapas mentais - diagramas com uma organização visual das informações mais importantes.

O componente da educação continuada já era um desejo das supervisoras de campo, conta Aymée Medeiros, coordenadora do Programa PEP++ no Brasil. “As atividades de campo exigiriam muita dedicação, não sabíamos bem como iríamos administrar para fazer a educação permanente ao mesmo tempo. Com o cenário de pandemia, resolvemos testar as melhores formas de iniciar este processo”, declara.

O grupo de assistentes de pesquisa é composto por estudantes de graduação e profissionais formados nos últimos cinco anos. A estratégia traz estes dois perfis de assistentes a um nível mais próximo de conhecimento sobre hanseníase. Desta forma, eles podem auxiliar as pessoas das comunidades abordadas em casos de dúvidas e perguntas que vão além de suas atribuições no ensaio clínico do PEP++.

Um novo olhar

“Estamos tendo a oportunidade de inspirar esta nova geração a ter um olhar especial para a hanseníase e a continuar o nosso trabalho. Também é possível quebrar a transmissão da doença com informação e conhecimento”, explica Aymée. De acordo com a coordenadora, um objetivo é permitir que os participantes ganhem a confiança das pessoas nos territórios para falar sobre a doença.

Patrícia Nascimento, enfermeira e assistente de pesquisa em Fortaleza, tem clareza de seus objetivos profissionais: ser conhecida como uma referência sobre hanseníase. “É uma doença tão estigmatizada e tão negligenciada, que são poucos os estudantes interessados no assunto ou querendo construir uma carreira tratando da doença”, relata.

Aos 27 anos, Patrícia conta ter incluído o tema durante as diversas atividades acadêmicas da graduação. Para ela, as reuniões virtuais estão sendo uma vivência diferente para estudar e discutir com especialistas. “É um privilégio termos este aprendizado, com certeza as discussões vão melhorar nosso trabalho no campo. Espero que possamos continuar tendo estas oportunidades quando estivermos com as atividades normalizadas”, partilha.

Conhecimentos sobre o georreferenciamento da hanseníase foram vistos como uma novidade e estimularam a participação de Joaquim Ismael, assistente de pesquisa em Sobral. Ele também destacou o encontro que aprofundou aspectos sobre diagnóstico e tratamento, conduzido por Aparecida Grossi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Para Joaquim, a construção dos mapas mentais e os debates nas reuniões são experiências enriquecedoras. “O território é uma caixinha de surpresas. Nós não vamos apenas chegar nas casas e aplicar questionários, nós vamos lidar com seres humanos, e é normal que eles tenham dúvidas. Por isso, é importante que a gente saiba o máximo sobre a doença e sobre a pesquisa”, partilha. Joaquim hoje tem 23 anos e concluiu sua graduação em Enfermagem em 2019.

Os temas incluídos nas reuniões abordam tópicos diversos da doença, como estigma e indicadores operacionais. Há também temas específicos para fortalecer o conhecimento sobre o Programa PEP++, com debates sobre o protocolo clínico, administração de medicamentos e abordagens de campo.

Em pares, os participantes farão a simulação destas abordagens e passarão por avaliação das supervisoras de campo e da coordenação da pesquisa. Estes exercícios permitirão discutir componentes éticos do programa e rever o manual que orienta a atuação dos assistentes de pesquisa nas comunidades, complementa a coordenadora Aymée Medeiros.

 

Data da publicação: 4 de maio de 2020