O Hospital de Doenças Infectocontagiosas Clementino Fraga, em João Pessoa, que integra a rede hospitalar do Estado, recebeu, na tarde desta segunda-feira (9), a visita dos representantes da ONG Netherlands Hanseniasis Relief  (NHR) no Brasil. A NHR, que apoia iniciativas de combate à hanseníase e tem parceria com o Clementino, avaliou  a unidade hospitalar, em especial o serviço de autocuidado.

Durante toda a tarde, a comitiva, composta pelos consultores internacionais Henk Eggens e Liesbeth Mieras; a assessora técnica e enfermeira, Margarida Praciano, da NHR/Brasil, e a enfermeira Jurema Brandão, da Coordenação Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação, do Ministério da Saúde, esteve reunida com a diretora geral do Clementino Fraga, Adriana Teixeira, técnicos da SES e colaboradores do grupo de autocuidado da unidade.

O grupo de autocuidado é formado por pacientes do Hospital Clementino Fraga que tiveram ou ainda têm hanseníase e se reúne toda primeira quarta-feira do mês, às 8h30, no próprio hospital, no bairro de Jaguaribe. A cada reunião, a pauta é definida pelos integrantes, chamados colaboradores, de acordo com as necessidades dos novos integrantes. São tratados temas como sintomas; preconceito; alimentação saudável; geração de emprego e renda; direitos e deveres; higienização, etc.

Para o sapateiro José Augusto, ex-portador da doença, que tem uma oficina de calçados adaptados para pessoas com sequelas da doença nos pés no hospital, participar do grupo de autoajuda lhe trouxe diversas vantagens. “Primeiro a oficina e, logo a seguir, o grupo me empoderou sobre os meus direitos e deveres; os cuidados que devo ter com as sequelas (ele ficou sem  sensibilidade em dois dedos da mão direita), e tudo isso me fez ter uma melhor qualidade de vida. O grupo não só modifica o estado de saúde do paciente como proporciona uma mudança real de vida”, disse.

Quando o grupo de autocuidado foi criado, em 2004, recebeu apoio logístico da ONG NHR. Nesta tarde, os visitantes escutaram dos participantes a importância do grupo na vida de cada um. Ficaram encantados. “Este grupo foi pioneiro no país e o Ministério da Saúde usou a experiência dele como base para a produção de material e para incentivar a criação de grupos em outros estados. A experiência daqui é tão exitosa que os monitores, que fazem a capacitação para os grupos iniciantes em outros estados, são paraibanos”, disse a representante do Ministério da Saúde.

Henk Eggens chama a atenção para a metodologia usada no grupo de autocuidado do Clementino Fraga. Segundo ele, é bastante participativa, já que não há líderes e sim colaboradores. “Isso gera mais solidariedade e interesse contínuo de permanecer no grupo. Em outros estados os grupos têm a função de tratar da reabilitação física. Isso também é importante, mas compartilhar as dores, as angústias, os preconceitos, como acontece neste grupo, é essencial, porque a hanseníase é uma doença social, portanto, a cura não é só física, mas também social e isso que o grupo do Clementino faz é inclusão,” falou.

“Ficamos muito felizes com estas avaliações porque mostram que estamos no caminho certo, pois a principal função de nós, que fazemos o Clementino, é oferecer mecanismos para que o usuário tenha uma qualidade de vida cada vez melhor”, disse a diretora geral da unidade de saúde, Adriana Teixeira.

 

Fonte: http://www.paraiba.pb.gov.br/98762/ong-internacional-de-combate-a-hanseniase-avalia-servico-do-clementino-fraga.html