Novas perspectivas de vida
Filha de um casal de fazendeiros no Maranhão, Therezinha Sane Mourão cresceu com seis irmãosenfrentando diversas dificuldades. Foi pouco o tempo na escola. Já estava casada aos 13 anos. Morando no Pará, teve sete filhos. Dois deles morreram no parto. Therezinha ajudou no sustento da casa e dos filhos trabalhando no campo. Quando o marido morreu, em 2001, passou a receber o benefício deixado por ele. Conseguiu se aposentar e passou a ajudar os filhos vendendo roupas.
Ela não percebeu quando a hanseníase começou a se manifestar. Não sabia que tinha alguma doença, apesar de uma área dormente na perna direita. Percebeu apenas quando recebeu uma equipe médica que fazia visitas domiciliares na comunidade, em 2013. O diagnóstico foi confirmado para ela e para o filho. “Eu não disse para ninguém, ficou em segredo. As pessoas rejeitam quem tem hanseníase. O preconceito é pior do que a doença, dói na alma”, desabafa.
Ela sabia da doença antes, pois alguns conhecidos e parentes tinham. Por isso, ficou triste ao saber do diagnóstico. Therezinha aderiu ao tratamento, que durou seis meses. Graças ao diagnóstico precoce, foi curada e não desenvolveu sequelas. “A doença não me afetou, não mudou minha vida”, justifica. Morando no Amapá em busca de melhores condições de trabalho, ela encontrou uma equipe médica comprometida e atenciosa. E mesmo após a cura, continuou frequentando o Centro de Referência.
Therezinha participa do grupo de autocuidado, onde aprende sobre a doença, sobre os cuidados com o próprio corpo e sobre as formas de ajudar outras pessoas que tenham hanseníase. Ela conta que se sente bem como parte do grupo. “Agora eu sei a importância do tratamento. Muito do que eu aprendo aqui, eu repasso pro meu filho, que está sendo tratado no Pará”, conta.
Também no grupo, ela vê outra forma de ajudar a família: com os cursos de artesanato, os participantes aprendem a fazer novos produtos que podem ser comercializados. Assim, é possível complementar a renda familiar. “Meu maior sonho é ajudar meus filhos. Continuo trabalhando e quero aprender mais para ter mais oportunidades de ganhar dinheiro. E o grupo me ajuda a realizar este sonho”.