Histórias Eduardo 004 min

 

Foi uma mensagem na televisão que ajudou Eduardo Nascimento a descobrir que tinha hanseníase. Ele já havia buscado ajuda dos profissionais de saúde. Primeiro, ao sentir formigamentos no corpo. Depois, com o aparecimento de manchas na pele. Os médicos atribuíram à diabetes e a possíveis alergias, conta. Chegou até a tomar medicamentos, mas eles não revertiam os sintomas.

Na TV, as informações sobre hanseníase fizeram sentido. Eduardo procurou o Centro de Referência de Doenças Tropicais (CRDT), em Macapá. Após alguns exames, veio o diagnóstico correto. Ele passou a receber várias informações sobre a doença. E descobriu que ela podia ser tratada e curada. Porém, o caminho trouxe dificuldades.

Numa reação ao tratamento, o corpo ficou marcado por manchas mais evidentes. Eduardo trabalhava como carpinteiro fabricando móveis. Aos poucos, perdeu vários clientes. O estigma associado à doença fez com que os amigos se afastassem. “A não ser minha mulher, meus filhos e netos, outros parentes não me recebem mais em casa”, partilha. Dores intensas nas pernas e nos braços causaram o isolamento dele no próprio quarto.

A situação trouxe dores físicas e emocionais. “Meu computador virou meu melhor amigo, era onde eu lia notícias e pesquisava sobre a doença, como me livrar das sequelas”, relembra. Ser aceito e compreendido foi uma experiência que ele descobriu ao participar de um grupo de autocuidado. Com as pessoas reunidas no CRDT, ele podia se sentir “normal de novo”.

Em contato com profissionais e outros pacientes, Eduardo começou a aprender sobre os cuidados com o corpo e foi estimulado a enfrentar as dificuldades. Ele conta que saía de cada reunião com esperança de dias melhores. “Com o apoio da NHR Brasil, recebi no grupo sandálias, creme hidratante e um boné para auxiliar no auto-cuidado”, conta. Ele lamenta apenas não ter conseguido participar das oficinas de artesanato, pois as dores no corpo não permitiam.