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Superação. Essa é uma palavra que define bem a trajetória dos artesãos participantes do projeto Reabilitação Socioeconômica, apoiado pela NHR Brasil e executado pela Agência Estadual de Vigilância em Saúde de Rondônia (Agevisa/RO). Nos últimos anos, os desafios foram intensificados com a pandemia. Sem poder participar de feiras ou exposições e com a mobilidade reduzida por causa do isolamento social, esses profissionais tiveram que se reinventar para encontrar sustento em meio à crise.

Como estratégia para ajudar a superar essas adversidades, a NHR Brasil apostou na intensificação do apoio à geração de renda por meio das tecnologias digitais. Entre os resultados obtidos durante o ano de 2021, está a criação do perfil Art’s BioHans Rondônia (@artesbiohans), conta no Instagram voltada para a comercialização das biojoias produzidas pelo coletivo de artesãos, que possibilitou a venda de aproximadamente 70 peças. Os beneficiários também foram agraciados com a emissão de 10 Carteiras Nacionais do Artesão, identificação para artesãos e trabalhadores manuais válida em todo Brasil.

A equipe do projeto também foi responsável pela realização de uma oficina voltada para o aperfeiçoamento e a formação de novos artesãos, que possibilitou a produção de 50 peças. O material produzido foi exposto durante um desfile de moda no Porto Velho Shopping, em Rondônia. O evento foi organizado pela Agevisa/RO e teve as biojoias produzidas pelos artesãos como principal atração.

Para saber mais sobre os principais desafios enfrentados e a superação alcançada pelos participantes do projeto, assista o vídeo abaixo.

 

Impactos da pandemia

O processo de adaptação foi árduo, mas os artesãos vêm conseguindo superar as dificuldades e florescer por meio da produção de biojoias. É o que conta a artesã Hadassah Oliveira, que atua como facilitadora da iniciativa. Ela mora em Porto Velho, Rondônia, e é responsável, entre outras atividades, por ministrar oficinas de montagem e produção de biojoias aos artesãos.

Assim como a equipe responsável pelo projeto, Hadassah utilizou ferramentas virtuais como alternativa à suspensão das consultorias presenciais durante os meses mais intensos da pandemia. Durante o período, a comunicação com as artesãs ficou restrita às mensagens trocadas por meio de um grupo no WhatsApp e às reuniões nos aplicativos de videoconferência.

Com a diminuição do número de casos de Covid-19, foi possível a realização presencial de uma nova oficina de biojoias, em outubro de 2021, que contemplou tanto artesãos veteranos quanto integrantes da nova turma beneficiada pelo projeto. Na ocasião, Hadassah apresentou diferentes matérias-primas para as artesãs, abordando a montagem de peças, a disposição e o manejo do material. As peças produzidas na oficina foram apresentadas ao público durante o desfile no Porto Velho Shopping, em dezembro.

Assista a série “Arte e reabilitação na hanseníase” para um olhar aprofundado sobre a oficina de biojoias

As dificuldades na pandemia

A aposentada Maria da Silva, de 68 anos, é uma das artesãs beneficiadas pela oficina. Ela conta que, antes da pandemia, estava entusiasmada com a produção e o ritmo de venda de suas criações. O artesanato e a produção de alimentos, que Maria passou a comercializar depois de uma oficina gastronômica oferecida pelo projeto, garantiam segurança financeira e renda extra ao fim de cada mês.

Em decorrência do isolamento social imposto durante os piores meses da pandemia, a artesã substituiu o comércio de biojoias pela venda de alimentos em casa, embalados para que as pessoas consumissem em outro local. Com a mudança, Maria enfrentou dificuldades e passou a contar apenas com o dinheiro da aposentadoria para cobrir as despesas domésticas.

A artesã afirma que, se não tivesse recebido alimentos e kits de autocuidado em uma ação emergencial promovida pela NHR Brasil, teria acumulado dívidas. “As coisas estão muito caras, o que só dificulta tudo, principalmente para quem já tinha se acostumado com um dinheirinho a mais”, declara.

Os reflexos da pandemia têm sido um pouco mais amenos para Marluz de Carvalho, 59 anos, outra artesã beneficiada pelo projeto Reabilitação Socioeconômica. Como eventos em outros estados e municípios foram suspensos durante a maior parte dos últimos dois anos, a maior limitação enfrentada pela artesã foi alcançar apenas o público local. “Localmente, as pessoas não valorizam o artesanato feito com matérias-primas da região, então não dá para sobreviver de artesanato na minha cidade”, justifica.

Superando os desafios

Para superar as dificuldades, Marluz aposta na venda de biojoias por meio das redes sociais durante o ano de 2021. A comercialização das produções é feita no perfil do Instagram Bioluz (bio.luz), no Facebook e no WhatsApp. A artesã conta com a ajuda da irmã, que trabalha na área do marketing digital, para realizar as postagens e administrar a página. “As encomendas têm chegado, mesmo na pandemia'', afirma.

 

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Já Maria enfrentou dificuldades em lidar com a tecnologia durante os meses em que as atividades presenciais foram suspensas na pandemia. Apesar dos desafios e da diminuição na procura por peças, ela afirma que vendeu algumas biojoias para as pessoas retirarem na casa dela ou receberem por entrega nos meses de isolamento.

No entanto, a produção e comercialização das peças ganhou impulso com a participação da artesã na oficina de biojóias realizada em outubro de 2021. No evento, Maria pôde aperfeiçoar o que já sabia e aprender novas técnicas de produção. Com várias encomendas feitas a partir do desfile em Rondônia, Maria comemora os desafios superados e se mantém otimista para o futuro.