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É possível viver com a hanseníase, pois a doença tem tratamento e cura. Apesar do preconceito e da discriminação, conviver com a doença não diminui o valor de ninguém. Essa é a mensagem do poema “Não é o fim”, escrito por Isabela Almeida de Mello, que conquistou o terceiro lugar na categoria Literária do Concurso Cultural NHR Brasil.

Isabela tem 28 anos e estuda Educação Física na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Foi na faculdade, ao participar do Grupo de Estudos e Ações em Saúde Única (Geasu), que a universitária ficou sabendo da premiação. Com uma perspectiva integrada sobre saúde humana, saúde animal e meio ambiente, o grupo de estudos aborda as doenças negligenciadas, entre elas a hanseníase. Desse modo, Isabela já possuía algumas informações básicas sobre a doença.

Além disso, a estudante tem uma ideia do que as pessoas acometidas pela hanseníase passam cotidianamente. Isso porque ela convive com o vitiligo, enfermidade caracterizada pela perda da coloração da pele, e já vivenciou muitas situações de preconceito e discriminação. Foi a partir dessa experiência que Isabela escolheu falar sobre o estigma contra pessoas acometidas por hanseníase no seu poema.

 

Não é o fim

"Tornaram teu corpo em local de estudo
Não de afeto
Nas tuas paredes esbranquiçadas
Avermelhadas, escuras
Uma história de muitas lutas
Fugas da realidade
Da qual te puseram à parte
No passado
Te expulsaram do arraial
E sem que houvesse uma pandemia
Te impuseram distanciamento social
No presente
A desinformação distorceu
A tua autoestima
Que se perdeu
Entre falas que machucam
E olhares que segregam
Ainda assim
Não é o fim
Tua dor será a nossa dor
Até que não haja mais hanseníase
Por fim."

 

Durante o processo de criação da obra, a universitária teve a oportunidade de aprofundar-se nas questões sociais e na realidade de quem convive com a doença. Com o objetivo de se colocar no lugar dessas pessoas, Isabela procurou textos, imagens e depoimentos de pessoas acometidas pela hanseníase na internet. Além de expandir o conhecimento que possuía, a estudante destaca que a experiência fez com que compartilhasse as informações com amigos e familiares.

Desse modo, a hanseníase passou a ser um assunto frequentemente debatido com as pessoas com as quais Isabela convive. Mesmo tendo participado de outros concursos literários antes, ela afirma que nunca havia criado uma produção artística sobre o tema. Ao falar da importância do Concurso Cultural NHR Brasil, é isso que a universitária destaca: a possibilidade de disseminar mais informações sobre a doença.

Imagem 2 concursoTrecho do poema "Não é o fim", de Isabela Almeida de Mello.

Superando o estigma

O primeiro sinal de vitiligo em Isabela foi uma pequena mancha na mão, aos 16 anos, e desde então ela tem que conviver com a discriminação de pessoas desinformadas. Ao mesmo tempo em que passava por vários médicos em busca de diagnóstico e tentava diversas formas de tratamento, a despigmentação característica da doença se espalhava cada vez mais.

Confira no vídeo abaixo o depoimento de Isabela sobre a participação no concurso.

Mesmo convivendo com uma forma de vitiligo que atinge apenas as extremidades do corpo e o rosto, Isabela não escapou do preconceito durante o fim do ensino médio e o começo do ensino superior. Quando tinha aproximadamente 21 anos, a estudante recebeu o diagnóstico de vitiligo e passou a tomar um remédio para impedir o crescimento e amenizar a aparência das manchas. Já cursando sua primeira faculdade, História da Arte, a universitária aprendeu a conviver mais tranquilamente com a doença.

Em paralelo, a experiência na universidade contribuiu para fortalecer o interesse pela literatura e pela arte. Sempre contando com o incentivo da família para vencer as barreiras da discriminação, Isabela vem conseguido se expressar por meio da arte e comemora a conquista com orgulho.

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