Ana Cláudia Sá ACS

Em parceria com o Programa PEP++, a ACS Ana Cláudia Sá contribui para o combate à hanseníase no bairro Vila Peri.

Com capacitações, ações educativas e estratégias para envolver profissionais de saúde, o Programa PEP++ tem fortalecido o controle da hanseníase em seus territórios de atuação. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são importantes aliados nessa iniciativa, podendo auxiliar na prevenção de casos e na vigilância de contatos.

Em meio à rotina muitas vezes sobrecarregada desses profissionais, é o olhar atento que faz a diferença no combate à hanseníase. É o que conta Ana Cláudia Sá, de 38 anos, que trabalha há 10 anos como ACS no bairro Vila Peri, em Fortaleza.

Antes mesmo de entrar em contato com atividades desenvolvidas pelo Programa PEP++, a agente reservava atenção especial à hanseníase e outras doenças tropicais negligenciadas, como a tuberculose. Tendo participado de capacitações ao longo de sua trajetória profissional, ela possuía certa prática na suspeição da doença. A experiência e o interesse pelo tema surgiram de circunstâncias pessoais: sua sogra já havia sido acometida pela hanseníase.

Em 2017, uma mancha surgiu na pele da sogra de Ana Cláudia. A agente logo suspeitou que fosse um sinal da doença e, ao realizar um teste simples com gelo, constatou que a sogra havia perdido sensibilidade na região. Diagnosticada por uma enfermeira da unidade básica de saúde Guttemberg Braun, unidade à qual Ana Cláudia é vinculada, a sogra começou o tratamento no Centro de Dermatologia Dona Libânia, localizado em Fortaleza.

Cuidados foram tomados para evitar a propagação da hanseníase: a sogra prosseguiu com o tratamento e todos os seus seis filhos foram vacinados com a BCG, medida que oferece proteção alguma contra a doença. Desde então, Ana Cláudia continua vigilante. Há algumas semanas, a agente percebeu que o filho apresentava manchas similares na pele e conta que ficará atenta, procurando atendimento médico se elas persistirem.

Parceria no território

Com relação às atividades desenvolvidas na comunidade, a ACS afirma que a parceria com o Programa PEP++ impulsionou o mapeamento de casos e contatos no território. Ao colaborar com a equipe nas visitas domiciliares realizadas em 2020, a agente pôde contribuir ainda mais para a busca ativa de casos de hanseníase.

ACS Ana Cláudia Sá

Ana Cláudia relata que, além dela, outros profissionais de saúde do território redobraram a atenção para casos suspeitos de hanseníase.

Os resultados já apareceram em 2020, com o início das abordagens no território: segundo ela, os assistentes de pesquisa visitaram em um mês o número de casas que ela demoraria três meses para alcançar. “Antes, a gente achava que a hanseníase era uma coisa distante. Ficamos mais atentos a partir do mapeamento e das atividades realizadas no território”, declara Ana Cláudia.

A agente ressalta que tais avanços não estão livres de desafios e que a desinformação é o principal obstáculo enfrentado. Ela conta que já foi procurada diversas vezes por moradores da comunidade, que se sentiam inseguros em receber a visita dos pesquisadores e queriam confirmar informações sobre o Programa PEP++.

Nessas horas, o diálogo é a chave, e a ACS não hesita em tirar dúvidas e informar a população. “Acredito que contribuo dedicando um tempinho a mais para ouvir as pessoas, falar sobre a doença não apenas na semana da hanseníase”, partilha ela em alusão às mobilizações do Janeiro Roxo.

Ana Cláudia acredita que a confiança dos moradores aumenta quando percebem que há colaboração do Programa PEP++ com unidades e agentes comunitários de saúde. Atualmente, o projeto segue com atividades educativas e sensibilização das comunidades para a vigilância de contatos.

Outras dificuldades apontadas pela agente, porém, não são resolvidas tão facilmente. A escassez de materiais e treinamentos e a ausência de campanhas de conscientização na mídia dificultam a atuação dos ACS e o combate à hanseníase nas comunidades.

Tais obstáculos são amenizados pela parceria entre esses profissionais e a equipe do Programa PEP++. Os benefícios são mútuos: a comunidade recebe uma abordagem mais direta nos domicílios enquanto os ACS são capacitados e têm sua atuação fortalecida no território. Diante desse cenário, Ana Cláudia se declara otimista: “Em 2021, vou ter relatos de pessoas diagnosticadas cedo, sem passar a hanseníase para outros”.