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Assistentes de pesquisa do Programa PEP++ fazem ligações para casos em Fortaleza e Região Metropolitana

 

A NHR Brasil iniciou, no dia 8 de maio, o apoio à Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), disponibilizando 11 assistentes de pesquisa para realizar a busca por contatos de pessoas com sintomas da COVID-19 em Fortaleza e Região Metropolitana.

A iniciativa é uma cooperação técnica na qual a Sesa disponibiliza um banco de dados com pessoas que foram notificadas com suspeita ou confirmação do novo coronavírus.

A NHR Brasil disponibiliza os assistentes de pesquisa que compõem o Programa PEP++, estudo voltado para a hanseníase que está com atividades presenciais suspensas.

Dentro desta cooperação, os assistentes foram capacitados para realizar ligações telefônicas para os casos suspeitos ou confirmados da COVID-19. Na conversa, eles tiram dúvidas, orientam sobre a doença e o isolamento social e perguntam por pessoas com as quais tiveram contato, enviando estes novos dados para a Secretaria.

O passo seguinte é o rastreamento destes contatos, de forma eletrônica ou com a ajuda dos assistentes de pesquisa. Com o rastreamento de forma eletrônica, a Secretaria utiliza uma ferramenta virtual (robô), com o objetivo de identificar novos casos suspeitos da COVID-19 entre estes contatos informados.

Diariamente, o sistema envia mensagens por WhatsApp para os contatos, verificando se eles apresentam sintomas compatíveis com a COVID-19 e se precisam ser direcionados para atendimento com profissionais de saúde. Este acompanhamento dura 14 dias após o último contato com o caso suspeito ou confirmado.

 

Como funciona

- As pessoas que chegam com suspeita de COVID-19 nos serviços de saúde são notificadas. Estas informações são incluídas em bancos de dados organizados pela Secretaria da Saúde.

- A NHR Brasil recebe o banco de dados com atualizações diárias e informações destes casos suspeitos ou confirmados da COVID-19.

- Cada assistente de pesquisa dedica cerca de quatro horas diárias para realizar as ligações telefônicas. A escolha da abordagem a distância busca evitar os riscos de contaminação, tanto para os assistentes como para a população.

- Nas ligações, os assistentes coletam novos nomes e números de telefone celular (com WhatsApp) de contatos destes casos suspeitos ou confirmados. A identidade de todos os casos registrados no banco de dados é resguardada, mantendo a confidencialidade das informações.

- Com um formulário eletrônico, estes dados são enviados de volta para a Sesa, que redireciona para o atendimento virtual. Contatos que não têm acesso ao WhatsApp são acompanhados pelos assistentes de pesquisa disponibilizados pela NHR Brasil.

 

A expectativa é que estes contatos rastreados por telefone forneçam informações relevantes para que a Secretaria consiga analisar diferentes aspectos da pandemia, como o efeito do isolamento social, a identificação de casos suspeitos e grupos de risco, o surgimento de novos casos e onde eles estão situados.

Com esta estratégia, também é possível orientar estas pessoas sobre medidas de prevenção e a vigilância dos sinais e sintomas de gravidade da COVID-19.

 

Primeiras experiências

Após a primeira semana de atividades, foi possível referir 790 contatos após 1.037 ligações feitas e 494 chamadas atendidas. Os dados são referentes às tentativas feitas entre 8 e 18 de maio.

Os assistentes de pesquisa envolvidos são profissionais de saúde com experiências na atenção primária à saúde ou recém-formados com vivências em projetos de ensino, pesquisa e extensão. Para esta atividade de apoio na pandemia, todos receberam treinamento e seguem protocolo operacional padrão construído para as abordagens telefônicas.

Durante as manhãs, a enfermeira Camila Martins, de 29 anos, inicia as chamadas. Ela se apresenta, explica o objetivo de rastrear os contatos e como vai funcionar o monitoramento. Nas orientações, ela fala sobre medidas de prevenção e de isolamento.

“Alguns são casos confirmados, então o isolamento tem que ser também domiciliar, não apenas social. Mesmo em casa, eles devem usar máscara, ter distanciamento de 1,5 a 2 metros, usar algum cômodo exclusivo na casa, fazer desinfecção de ambientes e superfícies”, exemplifica Camila.

 

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A enfermeira Camila Martins é uma das assistentes de pesquisa auxiliando no rastreamento de contatos

A assistente de pesquisa relata que as pessoas têm mostrado interesse e curiosidade pelas informações prestadas, perguntando também sobre pontos de apoio em seus territórios. Para isto, são informados os endereços das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) que fazem este atendimento em cada regional de saúde. Para Camila, a experiência é satisfatória e busca fortalecer uma relação de confiança da população nas estratégias de prevenção.

“Um aspecto importante a destacar é que, com apenas uma semana de atividades, os assistentes de pesquisa conseguiram identificar bairros onde a própria população referia ter um número elevado de pessoas com suspeita ou confirmação de COVID-19, sendo essas informações reportadas diretamente à Sesa e ajudando na resposta dentro destes territórios”, comenta Aymée Medeiros, coordenadora do Programa PEP++ no Brasil.

Ela ressalta ainda que a experiência dos assistentes de pesquisa permite um aprimoramento para as futuras atividades do Programa PEP++, mesmo com contextos diferentes. O objetivo do programa é ofertar quimioprofilaxia para contatos de pessoas que foram acometidas pela hanseníase a partir do ano de 2014, abordando casos diagnosticados e identificando seus contatos.

“Está sendo uma oportunidade para que compreendam a importância de uma escuta qualificada, da orientação correta sobre a doença, da dinâmica dos territórios e principalmente de, no momento desta escuta, posicionar-se no lugar do outro, acolhendo seus medos, suas dúvidas e esclarecendo a população”, conclui Aymée.

 

Apoio na pandemia

A NHR Brasil tem foco no enfrentamento da hanseníase e de outras doenças tropicais negligenciadas no País. Com atividades presenciais suspensas desde março, a organização submeteu a proposta ao Governo do Estado durante mobilização para reunir ideias e práticas para o combate ao coronavírus no Ceará.

Segundo Alexandre Menezes, diretor nacional da NHR Brasil, a proposta pode auxiliar o Governo a fazer uma análise mais próxima da realidade de casos de COVID-19, mostrando locais onde há novos casos suspeitos que não estavam sendo mapeados, além de levantar informações se estas pessoas estão saindo para trabalhar ou se permanecem em casa.

“No momento, podemos dispor do tempo e da capacidade técnica destes nossos profissionais para atuar no contexto da pandemia. É uma forma de reafirmar nosso compromisso social e de ajudar as pessoas que precisam”, conclui.

 

Data de publicação: 20 de maio de 2020