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O ensaio clínico será realizado nos municípios de Fortaleza e Sobral com abordagem de profilaxia para contatos de casos com hanseníase

Ações estratégicas para a realização do projeto PEP++ no Brasil foram discutidas em cinco grupos de trabalho durante evento realizado nos dias 8 e 9 de novembro, em Fortaleza. Além do contexto epidemiológico da hanseníase nos municípios selecionados para a intervenção, a I Oficina sobre o Projeto PEP++ incluiu conversas sobre assistência farmacêutica, imunoprofilaxia, vigilância e monitoramento, comunicação, estigma e aspectos da gestão do ensaio clínico.

A pesquisa com a abordagem de profilaxia pós-exposição será realizada no Brasil, na Índia e na Indonésia. No Brasil, a intervenção será realizada a partir de 2019 nas cidades de Fortaleza e Sobral, com áreas de pesquisa também em Maracanaú, no estado do Ceará. O objetivo é levar o tratamento preventivo para contatos de casos de hanseníase diagnosticados nos últimos cinco anos. O esquema reforçado de profilaxia faz a combinação dos medicamentos rifampicina e moxifloxacina, sendo este último substituído pela claritromicina em casos de contraindicação e outros critérios de exclusão.

Os detalhes operacionais foram discutidos na oficina com representantes da secretaria estadual de saúde do Ceará, secretarias municipais de saúde de Fortaleza, Sobral e Maracanaú, além de representantes de universidades, movimentos sociais e conselhos de saúde. Os grupos de trabalho formados identificaram os fluxos da atenção aos casos de hanseníase nos territórios para delinear estratégias de intervenção dentro do projeto. O objetivo é interromper a cadeia de transmissão da hanseníase, com a abordagem de profilaxia nos territórios durante cinco anos.

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No Ceará, a prevalência da hanseníase é de 2,3 casos para cada 10 mil habitantes. No Brasil, a meta é que este índice seja reduzido para menos de 1 caso a cada 10 mil habitantes, explanou Gerlânia Martins, articuladora estadual do Programa de Hanseníase da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Alcançar esta meta significa chegar ao coeficiente definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para que a doença deixe de ser um problema de saúde pública.

O projeto

A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) é um tratamento preventivo para pessoas que foram expostas ao agente causador de uma doença, visando evitar sua a evolução. Na hanseníase, o esquema de PEP já iniciado em países endêmicos é feito com a administração da dose única do medicamento rifampicina. O esquema reforçado (PEP++) faz a combinação da rifampicina com outro medicamento: a moxifloxacina. Na pesquisa, esta droga será substituída pela claritromicina em casos especiais, como em crianças e pessoas com contraindicação da moxifloxacina.

O ensaio clínico fará a administração dos dois esquemas: PEP e PEP++. Após o mapeamento de casos e testes rápido de sorologia, os contatos dos casos de hanseníase receberão uma das duas abordagens. Nas áreas mais endêmicas, por exemplo, o PEP++ será administrado para cerca de 20 contatos mais próximos do caso de hanseníase, enquanto cerca de 80 contatos menos próximos receberão a rifampicina em dose única (PEP). Em áreas de menor concentração dos casos, a tendência é a administração do PEP para os contatos. Ao longo da pesquisa, será possível avaliar e comparar a efetividade dos dois esquemas.

O público-alvo da pesquisa são os contatos do convívio social de pessoas com diagnóstico confirmado para a hanseníase entre janeiro de 2014 e dezembro de 2018, além dos residentes das comunidades com casos registrados neste período. Em avaliação durante a abordagem da pesquisa, as pessoas que apresentarem sinais e sintomas da hanseníase serão encaminhadas para as unidades básicas de saúde dos municípios, onde poderão ser examinadas para o diagnóstico. A avaliação também verificará se a pessoa tem a marca da vacina BCG. As pessoas sem imunização também serão encaminhadas para tomar a vacina nas unidades de saúde.